Paridade para quê? Para reeleição? Viva o voto universal!
Jorge Antunes
A reportagem da revista Veja, achincalhando com a Universidade de Brasília e com o seu Reitor, é uma peça de “jornalismo do absurdo” que vai ficar na história. Concordo totalmente com aqueles que apontam o fato como sendo parte de uma ação bem arquitetada para obtenção de determinados fins inconfessáveis.Alguns logo denunciaram que a matéria da Veja, agredindo a UnB e o Reitor José Geraldo, tinha características de uma matéria plantada para macular a imagem da instituição.
Muitos professores apaixonados pela UnB, como eu, correram aos teclados para escreverem notas de desagravo e protestos. A minha perplexidade foi tão grande, que me contive. Se pobre quando vê muita esmola desconfia, mais vividos quando vêm paroxismos de absurdo também desconfiam.
Alguns disseram que a reportagem interessa apenas àqueles que foram defenestrados da UnB pela ocupação da reitoria em 2008, quando surgiram evidências de falta de ética e de lisura na administração da Universidade.
Mas isso não é verdade. A reportagem interessa também ao grupo de poder em que o Reitor está inserido.
Maquiavel e seu famoso postulado de que “os fins justificam os meios”, ainda hoje são admirados por muitos detentores do poder.
Seria possível, num país governado pela tirania de golpistas militares, unir todo o povo aos milicos, sob a bandeira do patriotismo? Claro que sim. O general Leopoldo Galtieri, presidente da Argentina em 1982, encontrou a fórmula: a guerra das Malvinas.
O pensamento de Maquiavel, em O Príncipe, destaca a importância da guerra para com o desenvolvimento do espírito patriótico e nacionalista que vem a unir os cidadãos de um Estado.
Seria possível unir um ditador, toda a massa de estudantes, toda a intelectualidade, todo o povo brasileiro, para uma declaração de guerra? Claro que sim. Bastaria a identificação de um agressor externo. É por essa razão que muitos ainda acreditam que navios brasileiros foram afundados pelos norte-americanos, sendo colocada a culpa nos alemães, para o Brasil entrar na Segunda Guerra Mundial.
Vamos refletir um pouco. Sabe-se que alguns membros da comunidade universitária e lideranças que ocupam postos importantes da administração da UnB, tratam de colocar em pauta as festinhas dos estudantes, o consumo de drogas no câmpus e a denúncia de danos ao patrimônio.
Sabe-se também que existe um movimento nebuloso e sem cara, escondido nas trevas dos espaços noturnos, que faz tudo para esvaziar e frear o processo de realização da Estatuinte.
É sabido também que o continuísmo já começou a colocar as manguinhas de fora, com balões de ensaio que falam na reeleição de José Geraldo e sua companheirada.
Boa ideia, para ser dado início a uma estratégia bem arquitetada, seria, tal como preconizou Maquiavel, unir o povo, a situação e a oposição, os privilegiados e os não privilegiados, com a fabricação de um inimigo comum externo.
Claro. Para todos se unirem defendendo o Príncipe, nada melhor que a guerra, para que rapidamente se desenvolva o espírito patriótico, nacionalista e, no nosso caso, acadêmico.
Elencamos, a seguir, um pouco da unanimidade alcançada.
“… apesar das naturais divergências do movimento estudantil com a administração superior da universidade, reconhecemos que hoje a universidade vive um ambiente mais democrático, quando comparado a outros momentos de sua história.”
(Diretório Central dos Estudantes da UnB Honestino Guimarães)
“… venho com esta carta aberta repudiar enfaticamente a matéria tendenciosa, …, veiculada pela Veja, procurando desqualificar a UnB … e denegrir a imagem do seu Reitor, José Geraldo de Sousa Junior, ….”
(Barbara Freitag-Rouanet)
“Conheço o reitor há muito, forjado nas lutas pela redemocratização de nossa querida Universidade. … Prefiro, mesmo ainda sem ler a reportagem, ficar com nosso Reitor.”
(Fernando Edmundo Chermont Vidal)
“… a universidade pública é um verdadeiro oásis de liberdade. Ela é o único lugar público na sociedade capitalista onde a liberdade de expressão ainda pode ser exercida – …. Não é por outra razão que a mídia burguesa recorrentemente dispara seus holofotes contra a universidade pública”.
(Rodrigo Dantas)
“A liberdade de expressão e manifestação não deve ser confundida com o poder fazer tudo. Mas essa é uma hora de união de todos para defender a UnB contra uma matéria jornalística ofensiva ao dirigente máximo da instituição.”
(Maria Francisca Pinheiro Coelho)
“Posso dar meu testemunho de que o reitor José Geraldo é uma pessoa bastante tolerante, que realmente respeita outras posições.”
(Gilmar Mendes)
“O reitor José Geraldo de Sousa Junior está, sem dúvida, entre as pessoas mais tolerantes e democráticas que conheço.”
(Cristovam Buarque)
“… conheço o reitor José Geraldo há muitos anos e sei de sua formação democrática e libertária. Portanto não creio em nenhum tipo de perseguição ideológica. Tenho confiança no espírito democrático do reitor.(Rodrigo Rollemberg)
“A reitoria usa o sistema de colegiados, câmaras e conselhos que tratam de assuntos maiores. … A reitoria não se intromete em questões que são próprias dos colegiados internos, como alocação de aulas e espaço de professores.”
(Isaac Roitman)
“No que pude presenciar em colegiados, o Reitor é tolerante ao extremo e dedicado à conciliação e ao entendimento. Ademais, sua produção acadêmica, na área do Direito é reconhecida em todo o país e fora dele. Sua militância, de fato, é em prol da valorização do Homem, no interior do Direito achado na rua, com suas muitas publicações a respeito.”
(Aldo Paviani)
“O reitor José Geraldo está tentando recuperar a dignidade da universidade depois dos escândalos envolvendo as fundações.”
(Pedro Demo)
“… Os editais de apoio às pesquisas científicas, instituídos pela Reitoria, …, representam um marco institucional, um processo amplamente democrático.
(José Manoel Morales Sanchez)
“Nas reuniões do Consuni, muitas vezes as pessoas não têm a devida deferência ao cargo de reitor. Acho que isso é até uma decorrência da própria postura do reitor, que é muito aberta.”
(Roberto Ventura Santos)
“O reitor justifica a frase do Guevara. É firme e tem tomado as medidas para restaurar a respeitabilidade da universidade sem perder a elegância, a compostura e o clima de inteira liberdade. Ele tem sido de uma ética e correção invejáveis.”
(Josè Carlos Córdova Coutinho)
“… problemas como a ausência de fundações, …. É claro que isso gera frustração no corpo docente e de pesquisadores, mas nenhum destes problemas tem o reitor como responsável.”
(Carmenísia Jacobina Aires)
“Conheço o cidadão brasileiro e atual Magnífico Reitor da Universidade de Brasília José Geraldo De Souza Junior, há muitos anos. …, trabalhei pessoal e diretamente com ele, …. Por isso, posso testemunhar sua competência, seu profundo conhecimento de Filosofia, de Filosofia do Direito e de Educação Jurídica, bem como sua maneira afável e cordial no tratar com as pessoas e sua fidalguia com todos.”
(Adilson Gurgel de Castro)
“Conheço José Geraldo há mais de 30 anos. Advogamos juntos, em escritório fundado por meu pai, inclusive para estudantes e professores da UnB perseguidos naquela época. A marca do José Geraldo sempre foi a do equilíbrio, do bom senso, e da tolerância. Quem o acusa de intolerante, ou não o conhece, e está sendo leviano, ou o conhece, e está agindo de má-fé.
(Sigmaringa Seixas)
“Registro aqui meu orgulho de participar desta gestão e aprender todos os dias com a postura do professor José Geraldo, testemunho quase sacerdotal e com esta visão humanística e dialética do mundo.”
(Gilca Ribeiro Starling Diniz)
“José Geraldo de Souza, ex-diretor da Faculdade de Direito, é reconhecido por seus colegas como uma pessoa de profunda posição democrática, autor de teses sobre o Direito Achado na Rua, em que defende a Justiça ao alcance dos mais humildes.”
(Célia Maria Ladeira Mota)
“Sinto-me particularmente à vontade para expressar este apoio inequívoco ao reitor neste episódio pois temos algumas divergências importantes no que concerne a modelos de gestão universitária. Não obstante, faço questão de reconhecer a abertura ao diálogo e à pluralidade de ideias em sua gestão.”
(Luís R. Cardoso de Oliveira)
“Sou testemunha de que a UnB está muito mais democrática, aberta e livre do que no meu tempo de estudante.”
(Amilcar Queiroz)
“Todos que conhecem o reitor José Geraldo de Sousa Junior e conhecem verdadeiramente a história da UnB têm clareza a respeito de sua postura e de suas realizações.”
(Tania Cristina Rivera)
“A exata compreensão do relevante papel do saber como instrumento de libertação faz José Geraldo se confundir com a própria instituição que dirige. … Aliás, José Geraldo foi convocado exatamente para impedir que a sua UnB trilhasse por trajetos não republicanos. … Pessoalmente, aprendi o direito através do olhar de José Geraldo … Não apenas em razão de sua ética, mas, especialmente, de sua ação cívica exemplar. … Não tenho dúvida em afirmar, publicamente, que José Geraldo faz da UnB a sua própria história de ética, democracia e compromisso social”
(Cezar Brito)
“Considerar que o atual Reitor foi eleito por manipulação do voto dos/as estudantes é aviltante. … Além disso, desconsidera a trajetória acadêmica de José Geraldo de Sousa Júnior, … José Geraldo sustenta que o direito pode e deve ser construído pela sociedade em seus próprios espaços e tempos, como expressão de sua liberdade e é assim que ele tem conduzido essa gestão.”
(Judith Karine Cavalcanti Santos)
“Conheço José Geraldo de Sousa Junior, muito antes de se tornar Reitor, lá se vão uns 18 anos, …. a matéria da revista Veja, além de tendenciosa, desinformada, é injusta à pessoa do Reitor, pois se tem adjetivos que não lhe cabe é o de intolerante, arrogante, preconceituoso. Quem o conhece sabe do que eu estou falando. José Geraldo sempre foi uma pessoa democrática, que tem lutado pela promoção dos valores éticos, morais, da liberdade de expressão e dos direitos humanos.”
(Carlos Nogueira da Costa Junior)
“a matéria … coloca em dúvida a competência, a responsabilidade, a dedicação e o profundo conhecimento e experiência auferidos em longa carreira acadêmica e profissional do Professor Doutor José Geraldo de Souza Júnior. O Professor Doutor José Geraldo de Souza Júnior teve trajetória importante, produtiva e contributiva nos destinos da Comissão Nacional de Ensino Jurídico, hoje, Comissão Nacional de Educação Jurídica, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, como seu membro e seu vice-presidente, em alguns mandatos. … a pessoa do Professor José Geraldo de Souza Júnior merece nosso respeito e nossa solidariedade, as quais hipotecamos, por tudo quanto de mais relevante produziu, …”
(Comissão Nacional de Educação Jurídica do Conselho Federal da Ordem dos Advogados Brasil)
“A reportagem sobre a Universidade de Brasília causou indignação a todos que a conhecem, frequentaram seus bancos e reconhecem no Professor José Geraldo o mais adequado reitor para uma Universidade moderna e de vanguarda.”
(Daniela Teixeira)
Protetores do status quo já dizem, nos corredores escuros, que não dá para pensar em Estatuinte faltando menos de um ano para as novas eleições para Reitor. A quase unanimidade, construída pouco a pouco, certamente facilitará o grito de “já ganhou” que já se esboça nas gargantas profundas das eminências pardas de porão.